Historicamente o Cubismo originou-se na obra de Cézanne, pois para ele a pintura deveria tratar as formas da natureza como se fossem cones, esferas e cilindros. Para Cézanne, a pintura não podia desvincular-se da natureza, tampouco copiava a natureza; de fato, a transformava. Ele dizia: “Mudo a água em vinho, o mundo em pintura”. E era verdade. Em suas telas, a árvore da paisagem ou a fruta da natureza morte não eram a árvore e a fruta que conhecemos – eram pintura. Preservavam-se as referências exteriores que as identificavam como árvore ou fruta, adquiriam outra substância: eram seres do mundo pictórico e não do mundo natural. Por isso, é correto dizer que Cézanne pintava numa zona limite, na fronteira da natureza e da arte.
Entretanto, os cubistas foram mais longe do que Cézanne. Passaram a representar os objetos com todas as suas partes num mesmo plano. É como se eles estivessem abertos e apresentassem todos os seus lados no plano frontal em relação ao espectador. Na verdade, essa atitude de decompor os objetos não tinha nenhum compromisso de fidelidade com a aparência real das coisas.
O pintor cubista tenta representar os objetos em três dimensões, numa superfície plana, sob formas geométricas, com o predomínio de linhas retas. Não representa, mas sugere a estrutura dos corpos ou objetos. Representa-os como se movimentassem em torno deles, vendo-os sob todos os ângulos visuais, por cima e por baixo, percebendo todos os planos e volumes.
Principais características:
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geometrização das formas e volumes
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renúncia à perspectiva
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o claro-escuro perde sua função
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representação do volume colorido sobre superfícies planas
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sensação de pintura escultórica
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cores austeras, do branco ao negro passando pelo cinza, por um ocre apagado ou um castanho suave
Braque e Picasso, seguindo a lição de Cézanne deram inicio à geometrização dos elementos da paisagem. Braque enviou alguns quadros para o Salão de Outono de 1908, onde Matisse, como membro do júri, os viu e comentou: “Ele despreza as formas, reduz tudo, sítios, figuras e casas, a esquemas geométricos, a cubos”. Essa frase, citada por Louis Vauxcelles, em artigo publicado, dias depois, no Gil Blas, daria o nome ao movimento.
O cubismo se divide em duas fases:
Cubismo Analítico - (1909) caracterizado pela desestruturação da obra em todos os seus elementos. Decompondo a obra em partes, o artista registra todos os seus elementos em planos sucessivos e superpostos, procurando a visão total da figura, examinado-a em todos os ângulos no mesmo instante, através da fragmentação dela. Essa fragmentação dos seres foi tão grande, que se tornou impossível o reconhecimento de qualquer figura nas pinturas cubistas. A cor se reduz aos tons de castanho, cinza e bege.
Cubismo Sintético - (1911) reagindo à excessiva fragmentação dos objetos e à destruição de sua estrutura. Basicamente, essa tendência procurou tornar as figuras novamente reconhecíveis. Também chamado de Colagem porque introduz letras, palavras, números, pedaços de madeira, vidro, metal e até objetos inteiros nas pinturas. Essa inovação pode ser explicada pela intenção dos artistas em criar efeitos plásticos e de ultrapassar os limites das sensações visuais que a pintura sugere, despertando também no observador as sensações táteis.
Principais artistas:
Pablo Picasso - (1881-1973) Tendo vivido 92 anos e pintado desde muito jovem até próximo à sua morte passou por diversas fases: a fase Azul, entre 1901-1904, que representa a tristeza e o isolamento provocados pelo suicídio de Casagemas, seu amigo, são evidenciados pela monocromia e também a representa a miséria e o desespero humanos; a fase Rosa, entre 1904-1907, o amor por Fernande origina muitos desenhos sensuais e eróticos, com a paixão de Picasso pelo circo, iniciam-se os ciclos dos saltimbancos e do arlequim. Depois de descobrir as artes primitivas e africanas compreende que o artista negro não pinta ou esculpi de acordo com a tendência de um determinado movimento estético, mas com uma liberdade muito maior. Picasso desenvolveu uma verdadeira revolução na arte. Em 1907, com a obra Les Demoiselles d’Avignon começa a elaborar a estética cubista que, como vimos anteriormente, se fundamenta na destruição de harmonia clássica das figuras e na decomposição da realidade, essa tela subverteu o sentido da arte moderna com a declaração de guerra em 1914, chega ao fim a aventura cubista.
Podemos destacar, também o mural Guernica, que representa, com veemente indignação, o bombardeio da cidade espanhola de Guernica pelos aliados alemães de Franco, em abril de 1937, responsável pela morte de grande parte da população civil formada por crianças, mulheres e trabalhadores.
Algumas das frases de Pablo Picasso:
"A obra de um artista é uma espécie de diário. Quando o pintor, por ocasião de uma mostra, vê algumas de suas telas antigas novamente, é como se ele estivesse reencontrando filhos pródigos - só que vestidos com túnica de ouro”.
"A Arte não é a verdade. A Arte é uma mentira que nos ensina a compreender a verdade".
“Braque sempre disse que na pintura só conta a intenção. É verdade. O que conta é aquilo que se faz. É isso o importante. O que era afinal o mais importante no cubismo, era aquilo que se queria fazer, a intenção que se tinha. E isso não se pode pintar”.
“Nada pode ser criado sem a solidão. Criei em meu redor uma solidão que ninguém calcula. É muito difícil hoje em dia estar-se sozinho, pois existem relógios. Já alguma vez se viu um santo com relógio?”
“Não sou nenhum pessimista, não detesto a arte, pois não poderia viver sem lhe dedicar todo meu tempo. Amo-a como a minha única razão de ser. Tudo que faço relacionado com a arte dá-me a maior alegria. Mas por isso mesmo não vejo por que razão todo o mundo pretende interrogar a arte, exigindo-lhe certificados, deixando correr livremente sua estupidez em relação a este tema”.
quinta-feira, 16 de dezembro de 2010
sexta-feira, 10 de dezembro de 2010
Os locos anos 20
«Os anos 20 (1924-1929) foram anos de prosperidade. O "American way of life" ("estilo de vida à americana") invadiu a Europa. Aos benefícios da sociedade de consumo associou-se a busca de prazer e a evasão e intensificou-se a vida nocturna. Os teatros, os cinemas, os night-clubs e outras salas de espectáculos e de jogos das grandes cidades tornaram-se locais habitualmente frequentados. As novas bebidas (cocktail), as novas músicas (sobretudo o jazz) e as novas danças (charleston, lambeth walk, swing e rumba) passaram a animar a vida nocturna. Rallies de automóveis, corridas de carros e de cavalos e outros desportos (como o futebol) constituíam outros divertimentos que envolviam grandes massas.
O rápido desenvolvimento dos meios de transporte (comboio, automóvel, avião) e dos meios de comunicação (rádio, telégrafo, telefone...) acelerou o quotidiano das pessoas, favorecendo uma maior mobilidade espacial e do ritmo de vida. A moda de viajar entrou nos hábitos e prazeres das classes médias. Às viagens de negócios acrescentaram-se as viagens lúdicas, de turismo, quer no interior dos próprios países, quer para países estrangeiros, criando-se e desenvolvendo-se novas infra-estruturas para apoio destes lazeres: agências de viagens, serviços de hotelaria especializados, mapas, guias turísticos, bilhetes-postais ilustrados, etc.
Paralelamente a este novo estilo de vida, o período entre as duas guerras mundiais caracrterizou-se por uma latente inquietação e instabilidade nos comportamentos sociais. A paz estabelecida pelo Tratado de Versalhes, que pôs fim à 1.ª Guerra Mundial (1919), foi uma paz aparente, já que, na Alemanha e na Itália, o nazismo e o fascismo iniciavam a sua caminhada galopante. A crise de 1929 viria a agravar essa instabilidade gerando mesmo angústias e miséria que iriam ter consequências a todos os níveis.
Evocar épocas históricas marcadas por traços de modernidade, de evolução sociocultural e - porque não? - de sonho e fantasia é uma tarefa difícil por tal forma os acontecimentos se entrelaçam e, ao mesmo tempo, se esfumam. O século que há poucos anos findou, na esmagadora voragem do tempo, foi recheado de acontecimentos que abalaram as estruturas definidas e assentes na sedimentação de condições económicas e sociopolíticas que pareciam inabaláveis.
De entre os pontos fulcrais desestabilizadores situam-se as duas grandes guerras mundiais que envolveram e flagelaram o nosso Planeta, qual delas a mais cruel, trazendo a desolação, o sofrimento e a morte a milhões de seres humanos que tanto esperavam da vida.
O tema deste artigo prende-se directamente com a Primeira Grande Guerra que se estendeu por quatro anos e fustigou o território francês e belga par além de outras operações levadas a cabo em África e Ásia e nos mares.
Finalmente, em 11 de Novembro de 1918 celebra-se o Armistício. A paz tinha voltado!
Alegria esfusiante, por toda a parte, com incidência nas principais cidades de França e Inglaterra. Esqueceram-se dores, saudades pungentes dos seres amados que a morte levou e, naquele momento, a esperança tinha renascido.
Que fazer, agora, no meio dos destroços materiais e morais a que o mundo estava reduzido?
Havia que partir para a reconstrução das ruínas em que se transformaram todos os largos espaços marcados pelas operações de guerra.
Foi com entusiasmo que os arquitectos, operários, engenheiros começaram a executar planos de ressurgimento, inovando, renovando, recorrendo a novos materiais e nova tecnologia.
Ser diferente, libertar-se das amarras de preconceitos vividos desde há longos anos era o grande desiderato.
Se um dilúvio de armas tinha espalhado o horror e o ódio impunha-se que, na alegria e no espírito se encontrasse o antídoto capaz de fortalecer as energias necessárias para se ressurgir da lama e das cinzas.
Assiste-se, então, ao movimento que marca uma década revolucionária, feita de charme e encantamento.
São "Os Loucos Anos 20". A fantasia, o arrojo, a criatividade dão-se as mãos e, em todos os domínios, o progresso vai-se instalando.
Como os Estados Unidos da América entraram na guerra e contribuíram decisivamente para a vitória dos Aliados, a Europa associa-se à sua extravagância, imita e admira a originalidade vindas das terras do Tio Sam.
As guerras são uma faca de dois gumes e, assim, ao lado da miséria em que mergulham tantas famílias despojadas de todos os haveres e trabalho, outros prosperam nos negócios, na industria, na exploração de serviços financeiros e de outra ordem, o que permite a transformação precipitada da sociedade.
A inovação necessita de uma sólida situação económica, para se impor, o que não faltou à década de vinte.
Deste modo, podiam ser satisfeitos os caprichos de uma sociedade ávida de entretenimento, de luxo e de cultura.
O espírito de aventura está presente nos homens e mulheres deste período, competindo em provas difíceis, como a acrobacia aérea, as corridas de automóveis, a escalada de montanhas, desafiando o Everest ou altos picos da Europa.
O lazer dá lugar às longas viagens feitas por mar ou por terra, aproveitando o grande desenvolvimento das vias férreas e dos comboios cómodos e luxuosos. As famílias endinheiradas queriam conhecer monumentos, cidades famosas e divertimentos.
O desporto é praticado, largamente, nas modalidades elitistas: o golfe, o hipismo, o ténis, a caça. Surgem, então, os grandes nomes que praticam algumas destas modalidades.
A ciência abstracta e aplicada conhece um grande desenvolvimento, o mesmo acontecendo com a tecnologia que permite o aperfeiçoamento de algumas modalidades praticadas, até então, como entretenimento.
A fotografia e o cinema conhecem um grande aperfeiçoamento, sendo o cinema considerado a Sétima Arte.
De facto, nos Anos 20, destacam-se actores que são vistos como ídolos pela juventude do tempo.
Charles Chaplin, o Charlot, é o maior cómico que se notabilizou quando o cinema não tinha som. Os seus filmes eram uma crítica à sociedade do tempo, que marginalizava as crianças, os homens e mulheres maltratados pela vida ou explorados no seu trabalho.
Com as suas momices, os seus trejeitos que faziam rir, corria um rio de sensibilidade e de ternura.
Douglas Fairbanks era actor da espada bem manejada, escalando varandas, em filmes cheios de acção que entusiasmavam os espectadores. Os temas andavam à volta de figuras intemporais com o castigo dos maus e a recompensa dos bons. Com a introdução do som e da cor na Sétima Arte, redobra a admiração dos que vão ver os grandes actores e realizadores vindos dos Estados Unidos, mais propriamente de Hollywood - a Meca do cinema.
King Vidor, Frank Kapra, Clara Bow, a esfíngica Greta Garbo, a sensual Marlene Dietrich são nomes que perduram.
Os espectáculos musicais - no palco ou no ecrã - conhecem um grande impulso. Bailarinos como Fred Astraire, cuja actividade se estende pelos anos fora, contribuiram para o encantamento dos figurantes que, num sincronismo perfeito, se moviam como se de um só corpo se tratasse.
A França é, na Europa, o paradigma do gosto continental. Paris é a "cidade luz", é a chama inspiradora de toda a forma de criatividade. Os teatros Moulin Rouge e Folies Bergères escutam os aplausos delirantes dos que assistem à exibição de cantores, como Maurice Chevalier - um verdadeiro homem do palco - que evidenciava toda a sua capacidade histriónica dando vida e sentido às suas interpretações. Ninguém como ele diria melhor, no refrão de uma canção " Paris, Paris, toujours Paris!"
A música conheceu grandes modificações, nos ritmos e no predomínio de alguns instrumentos musicais (o saxofone, trombone de varas e bateria) tudo conjugado para acompanhar novas formas de dança, como o Charleston e outras muito apreciadas
È uma época de compositores famosos como George Gershwin, autor de Rhaposody in Blue e Porgy and Bess, e Irving Berlin (morreu com cem anos) Strawinsky, Ravel, Messaem.
Todas as áreas do pensamento criativo foram invadidas por novos conceitos de expressão artística, por isso se encontram novos estilos e formas de expressão na pintura, na literatura, na arquitectura, no teatro e no bailado.
Picaso, Dali, Miró, Lurçat, Mondrian, Munch acompanham o movimento global e impõem-se pelos temas escolhidos e pela forma e, sendo já conhecidos, passam a ser mais bem compreendidos, na expressão do cubismo, futurismo e surrealismo e no uso das cores vivas e fortes, vibrantes.
A arquitectura não podia fugir a esta revolução avassaladora embora se notasse uma modificação das estruturas, desde o fim do séc. XIX. Porém havia que criar formas novas e ousadas.
Bauhaus, na Alemanha, Le Corbusier (um arquitecto do mundo), Gaudi, em Espanha marcam as grandes modificações arquitectónicas assentes na racionalidade das linhas geométricas.
A arte deco - de que se encontram, felizmente, algumas casas em diversas cidades do nosso país - impõe-se pela beleza da geometria das suas linhas, da cor e das artes decorativas que as adornam.
A literatura é servida por poetas e prosadores de que alguns ficaram como postos de referência na literatura universal. A originalidade de alguns temas tratados, e a forma como os seus autores o fizeram, configuram-nos com uma inspiração tocada pela asa da fantasia desmesurada.
Dizia-se, então, que opiáceos em doses moderadas e controladas ajudavam à criatividade de alguns intelectuais do tempo.
Entre os escritores notáveis contam-se Somerset Maughman, Thomas Mann (prémio Nobel), T.S.Eliot (prémio Nobel), James Joyce, F.S. Fitzgeral, Mário Césarini, Fernando Pessoa, Almada Negreiros e tantos outros.
O bailado clássico tinha muitos admiradores, em tempos anteriores. A revolução russa de 1917 fez afluir a Paris alguns daqueles que, dedicando-se a uma vida criativa e intelectual, recearam fazer parte das purgas entretanto instaladas.
Entre artistas plásticos, músicos, escritores vieram bailarinos famosos e outros muito dotados.
Os bailados de Diagilev dão um grande incremento a esta actividade artística, fazendo conhecer danças lindíssimas, de difícil execução, tendo por tema lendas, histórias de amor, sofrimento temperado pela entrega à utopia. Destacaram-se bailarinos como Nijinsky, Ana Pavlova, Ninette de Valois, Marta Graham, Isadora Duncan que criou escolas em vários países da Europa.
Todos deram a conhecer novos passos, novas formas de execução, exaltando a beleza do corpo obedecendo à sensibilidade criativa.
Não cabe neste despretensioso artigo referir toda a riqueza sociocultural dos Anos 20.
È evidente que, nestes curtos anos, a vida das pessoas se transformou. Algumas pessoas sofreram mais aceleradamente os efeitos dessas modificações. Outras, assimilaram, mais lentamente, a oferta que lhes era proporcionada para saírem da vulgaridade.
Porém, venceu, em força, o movimento mais ousado. A mulher teve, um papel relevante no grito de liberdade que ficou a ecoar pelo espaço e pelo tempo.
A guerra, terminada há pouco, era um pesadelo cuja lembrança devia ser relegada para bem longe. Guindada a uma situação que a maior parte das mulheres da classe média desconhecia - o acesso ao ensino oficial secundário e superior, e ao emprego - a mulher libertou-se de várias formas de aprisionamento, desde o vestuário que se tornou mais leve e amplo, até preconceitos inexplicáveis racionalmente.
Ela é a grande impulsionadora da loucura, é a atracção, por excelência, é a visibilidade do próprio movimento.
Os divertimentos - desde os desportivos, aos dos casinos, salões de baile, cinema e teatro - exigem vestuário feminino e masculino diversificado, daí que a moda constitua uma exigência e um imperativo.
Conforme as circunstâncias, assim se usa o vestuário.
Os vestidos apresentam-se arrojados, a saia pelo joelho, feitos de tecidos leves, de corte elegante, cintura descida quase sempre rodados, cores suaves bem combinadas.
Para ocasiões solenes, à noite, os vestidos compridos, elegantíssimos, combinavam-se com os abafos caros, de tecidos leves e quentes, adornados de peles valiosas.
E que dizer dos sapatos? Havia vários modelos desde os sapatos decotados adornados com fivelas enfeitadas de pedrarias ou outros motivos mais singelos até aos de presilha com o rebordo destacado por pele de outra cor. Os saltos não eram muito altos.
Os chapéus que já se usavam desde finais do século XIX - tornam-se indispensáveis, como complemento das toilettes trazidas durante o dia.
Os modelos de chapéu adaptaram-se ao corte de cabelo que, designado por "à la garçonne", se inspirara na cabeça de uma rapariga do povo. Era um corte impecável que deixava o cabelo curto, de forma a descobrir o pescoço, mas acompanhando o contorno da cabeça. Havia mulheres que cobriam a testa com a franjinha, dando mais realce aos olhos e às maçãs do rosto.
Os chapéus, bem enterrados, na cabeça, com uma pequena aba, enfeitados com penas ou aplicações de missangas e pregos vistosos adaptavam-se muito bem a este corte de cabelo.
Outras mulheres preferiam os cabelos frisados, ora em caracóis volumosos ou em ondas largas feitas com ferro especial, de uso conhecido. Era o penteado "à marcel".
Os colares de pérolas longos, até abaixo da cintura, tornaram-se indispensáveis quando as jovens dançavam o "charleston", agitando-os, ao ritmo desta dança frenética, dominadora nos salões de baile, comunicativa e alegre.
Jóias preciosas ou réplicas, perfeitas e belas (como o testemunha a colecção LaLique do Museu Gulbenkian) davam à mulher uma maior atracção.
A sensualidade e a coqueterie são o apanágio da postura do elemento feminino cuja graciosidade e finesse se tornam mais sensíveis, quando de uma longa boquilha saíam espirais de fumo quem lentamente, se evolavam no ar.
A maquilhagem era bem aplicada, de forma a fazer realçar os olhos e a boca. As sobrancelhas eram cuidadosamente delineadas, as pestanas arqueadas e fixadas com rimel.
Tonalidade de azul ou um tom negro marcavam os olhos que se queriam brilhantes e loquazes, como elemento atractivo indispensável da mulher que busca o amor ou o devaneio.
As faces, ruborizadas por carmim bem espalhado, disfarçavam o cansaço ou a doença. A boca pintada com requinte, pronunciando bem o lábio superior, em efeito de coração, rematava o conjunto da face que devia ser apelativa, nimbada por uma expressão sorridente que, conforme as circunstâncias, era prometedora ou esquiva.
As unhas longas em bico, pintadas de vermelho rubro, com a meia-lua destacada prolongavam os dedos dando às mãos um ar aristocrático.
São inseparáveis deste tempo os nomes de alguns costureiros cujas casas vieram a dar nome a algumas dos nossos dias, como Dior e Yves Saint-Laurent.
Os estilistas que, então, se impuseram foram Jean Patou e, especialmente, Coco Chanel.
As mulheres mais elegantes - qualquer que fosse a sua posição social - procuravam avidamente os modelos destes senhores da moda, na ânsia de aparecerem com vestuário original e rico.
A nossa época, nesta vertente de aspectos sociais, aproxima-se - ou ultrapassa? - do que então se praticava.
Estes anos 20 trouxeram consigo um novo mundo agitado, divertido, uma ânsia enorme de mergulhar na alienação para esquecer o tempo real, exigente e conviver na intemporalidade do sonho.
Porém, a medalha tem duas faces: o verso e o reverso.
No dia 29 de Outubro de 1929, A Bolsa da Valores de Nova York registou a maior baixa da sua história e os investidores perdem todos os seus valores. Suicídios, desnorte, desmoralização é o que resta.
Os Estados Unidos que eram, já, o colosso económico e dominador dos mercados arrastam, na sua queda, a Europa e a economia de todos os continentes.
O mundo fica mais pobre!
O desemprego e a miséria trazem consigo a desordem e a desestabilização social.
Está aberto o caminho à instalação de regimes ditatoriais, em alguns países, com maior incidência na Itália, Alemanha e países ibéricos.
Para trás ficaram o sonho, a fantasia, a extravagância, a vida descuidada e desoprimida.
Precisamente dez anos depois, em Setembro de 1939, os homens, as mulheres e as crianças assistiam, atónitos, ao deflagrar de outra guerra - esta bem mais devastadora e globalizante do que a de 1914.
O rápido desenvolvimento dos meios de transporte (comboio, automóvel, avião) e dos meios de comunicação (rádio, telégrafo, telefone...) acelerou o quotidiano das pessoas, favorecendo uma maior mobilidade espacial e do ritmo de vida. A moda de viajar entrou nos hábitos e prazeres das classes médias. Às viagens de negócios acrescentaram-se as viagens lúdicas, de turismo, quer no interior dos próprios países, quer para países estrangeiros, criando-se e desenvolvendo-se novas infra-estruturas para apoio destes lazeres: agências de viagens, serviços de hotelaria especializados, mapas, guias turísticos, bilhetes-postais ilustrados, etc.
Paralelamente a este novo estilo de vida, o período entre as duas guerras mundiais caracrterizou-se por uma latente inquietação e instabilidade nos comportamentos sociais. A paz estabelecida pelo Tratado de Versalhes, que pôs fim à 1.ª Guerra Mundial (1919), foi uma paz aparente, já que, na Alemanha e na Itália, o nazismo e o fascismo iniciavam a sua caminhada galopante. A crise de 1929 viria a agravar essa instabilidade gerando mesmo angústias e miséria que iriam ter consequências a todos os níveis.
Evocar épocas históricas marcadas por traços de modernidade, de evolução sociocultural e - porque não? - de sonho e fantasia é uma tarefa difícil por tal forma os acontecimentos se entrelaçam e, ao mesmo tempo, se esfumam. O século que há poucos anos findou, na esmagadora voragem do tempo, foi recheado de acontecimentos que abalaram as estruturas definidas e assentes na sedimentação de condições económicas e sociopolíticas que pareciam inabaláveis.
De entre os pontos fulcrais desestabilizadores situam-se as duas grandes guerras mundiais que envolveram e flagelaram o nosso Planeta, qual delas a mais cruel, trazendo a desolação, o sofrimento e a morte a milhões de seres humanos que tanto esperavam da vida.
O tema deste artigo prende-se directamente com a Primeira Grande Guerra que se estendeu por quatro anos e fustigou o território francês e belga par além de outras operações levadas a cabo em África e Ásia e nos mares.
Finalmente, em 11 de Novembro de 1918 celebra-se o Armistício. A paz tinha voltado!
Alegria esfusiante, por toda a parte, com incidência nas principais cidades de França e Inglaterra. Esqueceram-se dores, saudades pungentes dos seres amados que a morte levou e, naquele momento, a esperança tinha renascido.
Que fazer, agora, no meio dos destroços materiais e morais a que o mundo estava reduzido?
Havia que partir para a reconstrução das ruínas em que se transformaram todos os largos espaços marcados pelas operações de guerra.
Foi com entusiasmo que os arquitectos, operários, engenheiros começaram a executar planos de ressurgimento, inovando, renovando, recorrendo a novos materiais e nova tecnologia.
Ser diferente, libertar-se das amarras de preconceitos vividos desde há longos anos era o grande desiderato.
Se um dilúvio de armas tinha espalhado o horror e o ódio impunha-se que, na alegria e no espírito se encontrasse o antídoto capaz de fortalecer as energias necessárias para se ressurgir da lama e das cinzas.
Assiste-se, então, ao movimento que marca uma década revolucionária, feita de charme e encantamento.
São "Os Loucos Anos 20". A fantasia, o arrojo, a criatividade dão-se as mãos e, em todos os domínios, o progresso vai-se instalando.
Como os Estados Unidos da América entraram na guerra e contribuíram decisivamente para a vitória dos Aliados, a Europa associa-se à sua extravagância, imita e admira a originalidade vindas das terras do Tio Sam.
As guerras são uma faca de dois gumes e, assim, ao lado da miséria em que mergulham tantas famílias despojadas de todos os haveres e trabalho, outros prosperam nos negócios, na industria, na exploração de serviços financeiros e de outra ordem, o que permite a transformação precipitada da sociedade.
A inovação necessita de uma sólida situação económica, para se impor, o que não faltou à década de vinte.
Deste modo, podiam ser satisfeitos os caprichos de uma sociedade ávida de entretenimento, de luxo e de cultura.
O espírito de aventura está presente nos homens e mulheres deste período, competindo em provas difíceis, como a acrobacia aérea, as corridas de automóveis, a escalada de montanhas, desafiando o Everest ou altos picos da Europa.
O lazer dá lugar às longas viagens feitas por mar ou por terra, aproveitando o grande desenvolvimento das vias férreas e dos comboios cómodos e luxuosos. As famílias endinheiradas queriam conhecer monumentos, cidades famosas e divertimentos.
O desporto é praticado, largamente, nas modalidades elitistas: o golfe, o hipismo, o ténis, a caça. Surgem, então, os grandes nomes que praticam algumas destas modalidades.
A ciência abstracta e aplicada conhece um grande desenvolvimento, o mesmo acontecendo com a tecnologia que permite o aperfeiçoamento de algumas modalidades praticadas, até então, como entretenimento.
A fotografia e o cinema conhecem um grande aperfeiçoamento, sendo o cinema considerado a Sétima Arte.
De facto, nos Anos 20, destacam-se actores que são vistos como ídolos pela juventude do tempo.
Charles Chaplin, o Charlot, é o maior cómico que se notabilizou quando o cinema não tinha som. Os seus filmes eram uma crítica à sociedade do tempo, que marginalizava as crianças, os homens e mulheres maltratados pela vida ou explorados no seu trabalho.
Com as suas momices, os seus trejeitos que faziam rir, corria um rio de sensibilidade e de ternura.
Douglas Fairbanks era actor da espada bem manejada, escalando varandas, em filmes cheios de acção que entusiasmavam os espectadores. Os temas andavam à volta de figuras intemporais com o castigo dos maus e a recompensa dos bons. Com a introdução do som e da cor na Sétima Arte, redobra a admiração dos que vão ver os grandes actores e realizadores vindos dos Estados Unidos, mais propriamente de Hollywood - a Meca do cinema.
King Vidor, Frank Kapra, Clara Bow, a esfíngica Greta Garbo, a sensual Marlene Dietrich são nomes que perduram.
Os espectáculos musicais - no palco ou no ecrã - conhecem um grande impulso. Bailarinos como Fred Astraire, cuja actividade se estende pelos anos fora, contribuiram para o encantamento dos figurantes que, num sincronismo perfeito, se moviam como se de um só corpo se tratasse.
A França é, na Europa, o paradigma do gosto continental. Paris é a "cidade luz", é a chama inspiradora de toda a forma de criatividade. Os teatros Moulin Rouge e Folies Bergères escutam os aplausos delirantes dos que assistem à exibição de cantores, como Maurice Chevalier - um verdadeiro homem do palco - que evidenciava toda a sua capacidade histriónica dando vida e sentido às suas interpretações. Ninguém como ele diria melhor, no refrão de uma canção " Paris, Paris, toujours Paris!"
A música conheceu grandes modificações, nos ritmos e no predomínio de alguns instrumentos musicais (o saxofone, trombone de varas e bateria) tudo conjugado para acompanhar novas formas de dança, como o Charleston e outras muito apreciadas
È uma época de compositores famosos como George Gershwin, autor de Rhaposody in Blue e Porgy and Bess, e Irving Berlin (morreu com cem anos) Strawinsky, Ravel, Messaem.
Todas as áreas do pensamento criativo foram invadidas por novos conceitos de expressão artística, por isso se encontram novos estilos e formas de expressão na pintura, na literatura, na arquitectura, no teatro e no bailado.
Picaso, Dali, Miró, Lurçat, Mondrian, Munch acompanham o movimento global e impõem-se pelos temas escolhidos e pela forma e, sendo já conhecidos, passam a ser mais bem compreendidos, na expressão do cubismo, futurismo e surrealismo e no uso das cores vivas e fortes, vibrantes.
A arquitectura não podia fugir a esta revolução avassaladora embora se notasse uma modificação das estruturas, desde o fim do séc. XIX. Porém havia que criar formas novas e ousadas.
Bauhaus, na Alemanha, Le Corbusier (um arquitecto do mundo), Gaudi, em Espanha marcam as grandes modificações arquitectónicas assentes na racionalidade das linhas geométricas.
A arte deco - de que se encontram, felizmente, algumas casas em diversas cidades do nosso país - impõe-se pela beleza da geometria das suas linhas, da cor e das artes decorativas que as adornam.
A literatura é servida por poetas e prosadores de que alguns ficaram como postos de referência na literatura universal. A originalidade de alguns temas tratados, e a forma como os seus autores o fizeram, configuram-nos com uma inspiração tocada pela asa da fantasia desmesurada.
Dizia-se, então, que opiáceos em doses moderadas e controladas ajudavam à criatividade de alguns intelectuais do tempo.
Entre os escritores notáveis contam-se Somerset Maughman, Thomas Mann (prémio Nobel), T.S.Eliot (prémio Nobel), James Joyce, F.S. Fitzgeral, Mário Césarini, Fernando Pessoa, Almada Negreiros e tantos outros.
O bailado clássico tinha muitos admiradores, em tempos anteriores. A revolução russa de 1917 fez afluir a Paris alguns daqueles que, dedicando-se a uma vida criativa e intelectual, recearam fazer parte das purgas entretanto instaladas.
Entre artistas plásticos, músicos, escritores vieram bailarinos famosos e outros muito dotados.
Os bailados de Diagilev dão um grande incremento a esta actividade artística, fazendo conhecer danças lindíssimas, de difícil execução, tendo por tema lendas, histórias de amor, sofrimento temperado pela entrega à utopia. Destacaram-se bailarinos como Nijinsky, Ana Pavlova, Ninette de Valois, Marta Graham, Isadora Duncan que criou escolas em vários países da Europa.
Todos deram a conhecer novos passos, novas formas de execução, exaltando a beleza do corpo obedecendo à sensibilidade criativa.
Não cabe neste despretensioso artigo referir toda a riqueza sociocultural dos Anos 20.
È evidente que, nestes curtos anos, a vida das pessoas se transformou. Algumas pessoas sofreram mais aceleradamente os efeitos dessas modificações. Outras, assimilaram, mais lentamente, a oferta que lhes era proporcionada para saírem da vulgaridade.
Porém, venceu, em força, o movimento mais ousado. A mulher teve, um papel relevante no grito de liberdade que ficou a ecoar pelo espaço e pelo tempo.
A guerra, terminada há pouco, era um pesadelo cuja lembrança devia ser relegada para bem longe. Guindada a uma situação que a maior parte das mulheres da classe média desconhecia - o acesso ao ensino oficial secundário e superior, e ao emprego - a mulher libertou-se de várias formas de aprisionamento, desde o vestuário que se tornou mais leve e amplo, até preconceitos inexplicáveis racionalmente.
Ela é a grande impulsionadora da loucura, é a atracção, por excelência, é a visibilidade do próprio movimento.
Os divertimentos - desde os desportivos, aos dos casinos, salões de baile, cinema e teatro - exigem vestuário feminino e masculino diversificado, daí que a moda constitua uma exigência e um imperativo.
Conforme as circunstâncias, assim se usa o vestuário.
Os vestidos apresentam-se arrojados, a saia pelo joelho, feitos de tecidos leves, de corte elegante, cintura descida quase sempre rodados, cores suaves bem combinadas.
Para ocasiões solenes, à noite, os vestidos compridos, elegantíssimos, combinavam-se com os abafos caros, de tecidos leves e quentes, adornados de peles valiosas.
E que dizer dos sapatos? Havia vários modelos desde os sapatos decotados adornados com fivelas enfeitadas de pedrarias ou outros motivos mais singelos até aos de presilha com o rebordo destacado por pele de outra cor. Os saltos não eram muito altos.
Os chapéus que já se usavam desde finais do século XIX - tornam-se indispensáveis, como complemento das toilettes trazidas durante o dia.
Os modelos de chapéu adaptaram-se ao corte de cabelo que, designado por "à la garçonne", se inspirara na cabeça de uma rapariga do povo. Era um corte impecável que deixava o cabelo curto, de forma a descobrir o pescoço, mas acompanhando o contorno da cabeça. Havia mulheres que cobriam a testa com a franjinha, dando mais realce aos olhos e às maçãs do rosto.
Os chapéus, bem enterrados, na cabeça, com uma pequena aba, enfeitados com penas ou aplicações de missangas e pregos vistosos adaptavam-se muito bem a este corte de cabelo.
Outras mulheres preferiam os cabelos frisados, ora em caracóis volumosos ou em ondas largas feitas com ferro especial, de uso conhecido. Era o penteado "à marcel".
Os colares de pérolas longos, até abaixo da cintura, tornaram-se indispensáveis quando as jovens dançavam o "charleston", agitando-os, ao ritmo desta dança frenética, dominadora nos salões de baile, comunicativa e alegre.
Jóias preciosas ou réplicas, perfeitas e belas (como o testemunha a colecção LaLique do Museu Gulbenkian) davam à mulher uma maior atracção.
A sensualidade e a coqueterie são o apanágio da postura do elemento feminino cuja graciosidade e finesse se tornam mais sensíveis, quando de uma longa boquilha saíam espirais de fumo quem lentamente, se evolavam no ar.
A maquilhagem era bem aplicada, de forma a fazer realçar os olhos e a boca. As sobrancelhas eram cuidadosamente delineadas, as pestanas arqueadas e fixadas com rimel.
Tonalidade de azul ou um tom negro marcavam os olhos que se queriam brilhantes e loquazes, como elemento atractivo indispensável da mulher que busca o amor ou o devaneio.
As faces, ruborizadas por carmim bem espalhado, disfarçavam o cansaço ou a doença. A boca pintada com requinte, pronunciando bem o lábio superior, em efeito de coração, rematava o conjunto da face que devia ser apelativa, nimbada por uma expressão sorridente que, conforme as circunstâncias, era prometedora ou esquiva.
As unhas longas em bico, pintadas de vermelho rubro, com a meia-lua destacada prolongavam os dedos dando às mãos um ar aristocrático.
São inseparáveis deste tempo os nomes de alguns costureiros cujas casas vieram a dar nome a algumas dos nossos dias, como Dior e Yves Saint-Laurent.
Os estilistas que, então, se impuseram foram Jean Patou e, especialmente, Coco Chanel.
As mulheres mais elegantes - qualquer que fosse a sua posição social - procuravam avidamente os modelos destes senhores da moda, na ânsia de aparecerem com vestuário original e rico.
A nossa época, nesta vertente de aspectos sociais, aproxima-se - ou ultrapassa? - do que então se praticava.
Estes anos 20 trouxeram consigo um novo mundo agitado, divertido, uma ânsia enorme de mergulhar na alienação para esquecer o tempo real, exigente e conviver na intemporalidade do sonho.
Porém, a medalha tem duas faces: o verso e o reverso.
No dia 29 de Outubro de 1929, A Bolsa da Valores de Nova York registou a maior baixa da sua história e os investidores perdem todos os seus valores. Suicídios, desnorte, desmoralização é o que resta.
Os Estados Unidos que eram, já, o colosso económico e dominador dos mercados arrastam, na sua queda, a Europa e a economia de todos os continentes.
O mundo fica mais pobre!
O desemprego e a miséria trazem consigo a desordem e a desestabilização social.
Está aberto o caminho à instalação de regimes ditatoriais, em alguns países, com maior incidência na Itália, Alemanha e países ibéricos.
Para trás ficaram o sonho, a fantasia, a extravagância, a vida descuidada e desoprimida.
Precisamente dez anos depois, em Setembro de 1939, os homens, as mulheres e as crianças assistiam, atónitos, ao deflagrar de outra guerra - esta bem mais devastadora e globalizante do que a de 1914.
1º GUERRA MUNDIAL
A Primeira Guerra Mundial (também conhecida como Grande Guerra antes de 1939, e Guerra das Guerras) foi um conflito mundial ocorrido entre 28 de Julho de 1914 e 11 de Novembro de 1918.
A guerra ocorreu entre a Tríplice Entente (liderada pelo Império Britânico, França, Império Russo (até 1917) e Estados Unidos (a partir de 1917) que derrotou a coligação formada pelas Potências Centrais (liderada pelo Império Alemão, Império Austro-Húngaro e Império Turco-Otomano)[1], e causou o colapso de quatro impérios e mudou de forma radical o mapa geo-político da Europa e do Médio Oriente.
No início da guerra (1914), a Itália era aliada dos Impérios Centrais na Tríplice Aliança, mas, considerando que a aliança tinha carácter defensivo (e a guerra havia sido declarada pela Áustria) e a Itália não havia sido preventivamente consultada sobre a declaração de guerra, o governo italiano afirmou não se sentir vinculado à aliança e que, portanto, permaneceria neutro. Mais tarde, as pressões diplomáticas da Grã-Bretanha e da França fizeram-na firmar em 26 de abril de 1915 um pacto secreto contra o aliado austríaco, chamado Pacto de Londres, no qual a Itália se empenharia a entrar em guerra decorrido um mês em troca de algumas conquistas territoriais que obtivesse ao fim da guerra: o Trentino, o Tirol Meridional, Trieste, Gorizia, Ístria (com exceção da cidade de Fiume), parte da Dalmácia, um protetorado sobre a Albânia, sobre algumas ilhas do Dodecaneso e alguns territórios do Império Turco, além de uma expansão das colônias africanas, às custas da Alemanha (a Itália já possuía na África: a Líbia, a Somália e a Eritreia). O não-cumprimento das promessas feitas à Itália foi um dos fatores que a levaram a aliar-se ao Eixo na Segunda Guerra Mundial.
Em 1917, a Rússia abandonou a guerra em razão do início da Revolução. No mesmo ano, os EUA, que até então só participavam na guerra como fornecedores, ao ver os seus investimentos em perigo, entram militarmente no conflito, mudando totalmente o destino da guerra e garantindo a vitória da Tríplice Entente.
A guerra ocorreu entre a Tríplice Entente (liderada pelo Império Britânico, França, Império Russo (até 1917) e Estados Unidos (a partir de 1917) que derrotou a coligação formada pelas Potências Centrais (liderada pelo Império Alemão, Império Austro-Húngaro e Império Turco-Otomano)[1], e causou o colapso de quatro impérios e mudou de forma radical o mapa geo-político da Europa e do Médio Oriente.
No início da guerra (1914), a Itália era aliada dos Impérios Centrais na Tríplice Aliança, mas, considerando que a aliança tinha carácter defensivo (e a guerra havia sido declarada pela Áustria) e a Itália não havia sido preventivamente consultada sobre a declaração de guerra, o governo italiano afirmou não se sentir vinculado à aliança e que, portanto, permaneceria neutro. Mais tarde, as pressões diplomáticas da Grã-Bretanha e da França fizeram-na firmar em 26 de abril de 1915 um pacto secreto contra o aliado austríaco, chamado Pacto de Londres, no qual a Itália se empenharia a entrar em guerra decorrido um mês em troca de algumas conquistas territoriais que obtivesse ao fim da guerra: o Trentino, o Tirol Meridional, Trieste, Gorizia, Ístria (com exceção da cidade de Fiume), parte da Dalmácia, um protetorado sobre a Albânia, sobre algumas ilhas do Dodecaneso e alguns territórios do Império Turco, além de uma expansão das colônias africanas, às custas da Alemanha (a Itália já possuía na África: a Líbia, a Somália e a Eritreia). O não-cumprimento das promessas feitas à Itália foi um dos fatores que a levaram a aliar-se ao Eixo na Segunda Guerra Mundial.
Em 1917, a Rússia abandonou a guerra em razão do início da Revolução. No mesmo ano, os EUA, que até então só participavam na guerra como fornecedores, ao ver os seus investimentos em perigo, entram militarmente no conflito, mudando totalmente o destino da guerra e garantindo a vitória da Tríplice Entente.
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